03/09/08

Pensamento do dia

Hoje penso o que amanha me esqueço, por isso um registo é sempre importante.
Falar sobre arquitectura é sempre um tema que nos relega para dois campos distintos e talvez opostos: O sério e pedagógico, ou banal e quotidiano.
A verdade é que ambos são importantes! Falar de arquitectura, sobre arquitectura e com arquitectura traduz-se sempre num enriquecer do discurso e dos conhecimentos, ainda que num sentido destrutivo do objectivo do discurso.
A ver!!:
Falar de arquitectura significa falar de algo que nos rodeia, que nos envolve, que nos molda. A arquitectura no seu sentido mais lato. È construção, é não construção de espaços vazios e de tudo que é objectivamente sentido, visto, cheirado, pondo todos os sentidos em acção.
Um banco de jardim, com o seu bom ou mau design (desenho), sobre a praia, com o aroma do iodo, da maresia, junto a um candeeiro aceso que faz a sombra de quem passa.
Uma casa na encosta que ao longe reflecte a luz poente dos últimos raios de sol.
Uma praça que aos velhos reformados cumprimenta numa manha de primavera. Gentes que passam vestidas e revestidas da nova moda que aí vem.
A cidade cheia de gentes, cores, empenas de prédios frios ou montras quentes de cor e de olhares de quem quer mas não pode comprar.
Edifícios, jardins, casas, passeios, árvores e torres do relógio que outrora marcava o compasso diário de quem trabalhava a terra.
Pois bem, tudo isto é arquitectura. Falar sobre algo que nos remete para espaços, sejam fechados ou abertos é de alguma forma, falar de arquitectura.
Falar sobre arquitectura, já é um discurso mais intencional e consciente. È o questionar, o esclarecer, o afirmar, bem ou mal, algo que nos diz mais do que a tal conversa banal.
Eu penso que..., eu vi um edifício..., que praça tão bonita!!, eu gosto ou des...gosto!
Mas o que gosto mais é do falar com arquitectura!
Isso torna o discurso mais interessante!, estabelecer uma ordem de palavras e pensamentos, de raciocínios fundamentados e objectivamente descritos. Falar com arquitectura!!. se tentarmos encontrar adjectivos para a palavra arquitectura, tais como ordem, conceito, lógica, hierarquia, construção, base de..., entendermos que não chega um discurso meramente subjectivo, então esse discurso torna-se mais interessante. Aí podemos até falar sobre a arquitectura do espaço, arquitectura da música, a arquitectura do pensamento filosófico.
Aliás e respondendo agora ao meu querido amigo de conversa da treta quando tentava dissertar sobre, fazer com arquitectura, fazer arquitectura, o que é de facto arquitectura, o que define a boa da má arquitectura.

Fica neste pensamento:
Arquitectura é acima de tudo um exercício mental de criar com palavras, desenhos, imagem, um espaço, vivido ou esquecido, falar com arquitectura á falar com um discurso construtivo, com coerência, com lógica, com algum sentido que não seja um mero afirmar gratuito de valores e opiniões infundadas.
Falar sobre, com e de arquitectura, é acima de tudo ter um discurso sério sobre tudo menos rodeia sem recorrer a signos linguísticos sem sentido e sem razão.
Por isso, sem sentido, falar sobre arquitectura, é isto que aqui estou a fazer resumindo horas de conversa que ficam amadurecidas neste pensamento do dia.

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