22/09/08


Pensar a arquitectura
Muitas vezes perguntamos se pensar a arquitectura é apenas idealizar algo para objectivamente e unicamente transformar num projecto. Uma ideia - uma proposta. Este pensamento errado porque limitado e balizado a um objectivo a um meio para atingir apenas um fim, é a prática frequente do aluno de arquitectura.
Mas pensar na arquitectura de uma forma geral, é acima de tudo exercitar a capacidade crítica, por isso e por consequência criativa. È a forma mais segura até de fazermos arquitectura, pois não temos o ónus de a fazer mal e depois de construída, não podemos refazer e repensar.
Essa é a grande vantagem de timidamente podermos elaborar raciocínios, ter opinião e cada vez mais acertar na crítica e nessa mesma opinião, olharmos e ouvirmos o vizinho e assim, ganharmos confiança na nossa a própria visão e interpretação.
Olhar uma obra e parar para pensar! Fazer aquelas perguntas que não temos coragem de fazer ou mesmo, porque de uma forma preguiçosa, não nos damos ao trabalho de as fazer baixinho.
Olhar o espaço, o que vemos, porquê aquela intervenção, porquê aquela forma, porquê aquela torção, aquele alinhamento, aquele ritmo de aberturas. E se equacionarmos em tom baixo procurando respostas, acabamos por cruzar a informação que trazemos de outros pensamentos. Acabamos por errar ou acertar e por isso adquirir uma resposta para a próxima intervenção ou opinião.
Esse é a meu ver, a apatia do actual aluno de arquitectura. Deixou de pensar, deixou de pensar apenas pelo acto de reflectir sem querer estabelecer as conclusões do, apenas bonito, ou simplesmente feio! Habituado, ou mesmo ensinado para a procura de formalismos, de imagens plásticas sem antes entender, perceber, equacionar, tentar responder às premissas mais elementares e objecto da nossa profissão.
Um dos exercícios que aconselhava os alunos fazer era, olhando para um edifício, imaginar o terreno em branco. E como uma folha de papel vazia, perguntar: o que levou a desenhar desta forma, qual a ideia, qual o pensamento, qual a razão desta implantação, deste alinhamento...
Assim se faz a crítica porque procura da mesma linguagem do autor, as mesmas preocupações, as mesmas condicionantes. Claro! Falhando certamente inúmeras ou todas! Mas o que está em questão aqui é o título deste artigo. Pensar a arquitectura!
Exercício mental de perguntas e respostas, procura de razões, procura de uma estrutura de pensamento que deu lugar a uma obra.
Concluindo, pensar arquitectura é acima de tudo, a procura de uma lógica e articulação de ideias. Sem necessariamente obter uma resposta ou uma receita. Importante para o estudo da teoria da arquitectura, é não nos limitarmos a dar como certo a informação já congeminada por um determinado autor, ou não fossem as minhas aulas com o mestre da teoria!...
Lançar a questão e interromper ou questionar quando alguém começa a delinear uma resposta conclusiva...
Se retirarmos o pensamento e a reflexão da e sobre a arquitectura ou balizarmos em correntes ou estilos, pensamentos adquiridos e delineados, retiramos o papel essencial e fundamental que é o: apenas pensar a arquitectura.

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